Reportagem da Folha de São Paulo sobre transplante capilar

Dr. João Carlos Comenta:

 

Referente a matéria sobre utilizar plasma sanguíneo para conservar os enxertos (mudas) e dar maior vitalidade as raízes,depois de separados os cabelos, até o momento da colocação na área calva. Esse material estaria substituindo as soluções salinas empregadas atualmente. Essa prática ainda é um estudo em desenvolvimento e necessita de maiores experimentos para ser comprovada que é superior ao métodos atuais. Alguns grupos já realizaram experiências nesse sentido e por motivos desconhecidos abandonaram as pesquisas.  As soluções atuais em condições de temperatura adequadas podem manter as raízes vivas por horas.Enquanto não se confirme reais vantagens sobre os métodos tradicionais,  não vejo o porque de mudanças, além do inconveniente de ter que tirar sangue do paciente durante o procedimento, opina o Cirurgião dermatológico e Membro da International Society Hair Restoration, Dr. João Carlos Pereira da Clínica de Transplante Capilar JC PEREIRA.

 

Sangue do paciente é usado para tratamento de calvície

 

 Taxa de implantação dos fios é de até 97%, diz cirurgião que desenvolveu a técnica

 

Um novo tipo de implante capilar que usa o sangue do paciente promete aumentar a quantidade de cabelos em até 35% em relação aos microtransplantes tradicionais. A técnica, desenvolvida por um brasileiro, será publicada em março na revista científica americana “Plastic Surgery Journal”.
No procedimento, o médico colhe o sangue do paciente e o centrifuga para haver a separação do plasma -componente rico em plaquetas – e dos nutrientes. Por meio de reagentes moleculares, o especialista estimula os fatores de crescimento presentes no sangue.
Em seguida, os bulbos capilares -ricos em células-tronco, responsáveis pela produção dos fios- são retirados da parte de trás da cabeça (nuca) e são embebidos nessa solução por 15 minutos, para serem estimulados. Depois, são implantados um a um na cabeça calva do paciente.
Os novos cabelos começam a crescer a partir do 4º mês após o implante. O resultado final demora entre oito e dez meses.
“Funciona como adubo porque vamos “plantar” cabelos com fatores de crescimento estimulados”, resume o cirurgião plástico Carlos Uebel, cuja tese de doutorado na PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio Grande do Sul é sobre a técnica. Ele afirma ter realizado 32 implantes capilares usando essa nova técnica.
Com o método tradicional, há de 75% a 80% de integração dos fios. Usando as moléculas do sangue, a taxa de implantação varia entre 95% e 97%, segundo Uebel.
O dermatologista Arthur Tykocinski, membro da Sociedade Internacional de Transplante Capilar, diz achar desnecessário “adubar” o bulbo capilar (raiz) para fazer o transplante. “O que interessa é a qualidade final”, diz.
Tykocinski trabalha com a técnica do transplante folicular coronal, que consiste em separar as unidades foliculares uma a uma e classificá-las de acordo com a quantidade de fios. Assim, afirma o especialista, é possível dobrar a densidade do cabelo.
“O ponto chave do transplante folicular é manter a distribuição folicular natural, ou seja, as unidades com apenas um fio vão para a frente, seguidas pelas unidades de dois fios e depois as de três e quatro fios.”
O geneticista e tricologista (especialista em cabelos) Luciano Barsanti, do Instituto do Cabelo de São Paulo, desconhece a técnica que usa o sangue do paciente.
O método de transplante capilar que está em estudo no mundo, explica Barsanti, é a duplicação das células do bulbo capilar por meio de uma cultura rica em nutrientes e vitaminas, feita
em laboratório.
“Essas células são capazes de se multiplicar. Em três meses, elas atingem as condições ideais para serem reinjetadas no couro cabeludo do paciente de maneira menos invasiva. Isso formará novos folículos e mais cabelos”, diz. A expectativa é que a técnica esteja disponível no Brasil em 2008.

 

Fonte: Reportagem do Caderno Cotidiano

Jornal Folha de São Paulo, edição de 19 de fevereiro de 2006